Multiplicidade.

Raparei, recentemente, que provoco sempre um choque nas pessoas.

Depois de lerem o que escrevo, e saberem o que ouço, quando se cruzam comigo, ficam desiludidas com a minha formalidade.

Os que me conhecem apenas pelo rigor profissional, ficam espantadíssimos quando descobrem que passo os dias rodeada de punks, e penso como eles.

Aos que acontece conhecerem-me mais do que superficialmente, ficam baralhados com a minha ternura melosa.

Os que fazem sexo comigo, ficam confusos quanto ao meu egoísmo e dedicação ao meu prazer.

Os que me conhecem profundamente, surpreendem-se com a minha assertividade em momentos de fragilidade absoluta.

E mais não sei quantos assombros que não tenho tempo de contemplar.

Quando assisto à consternação delas, apetece-me logo dizer:

“Oh! Desculpa não corresponder ao teu estereótipo!”.

Mas acabo sempre a retorquir:

“Oh! Que pena seres apenas uma coisa.”

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