At home she's a tourist.
No Porto, há cada vez menos casas para portuenses. Todas as casas estão a ser restauradas de forma suficientemente burguesa para que nenhum portuense as consiga comprar ou arrendar. E o argumento é que o turismo traz dinheiro, desenvolve o comércio, e melhorará a vida dos portuenses. É simples: pões os portuenses a viver fora do Porto, porque não têm dinheiro para as casas turísticas; pões os portuenses a andar de Yellow Bus, porque os passes da STCP (aka andar de metro e autocarro para ir para o trabalho) estão cada vez mais caros; pões os portuenses a comer fora do Porto, porque não têm dinheiro para almoçar em restaurantes turísticos; pões os portuenses a tomar café em casa, porque não podem pagar cafés do Starbucks e dos cafés gourmet todos os dias; e depois dizes que estás a fazer isso para o bem deles. Deve ser é para o bem de meia dúzia de empresários, que realmente são portuenses. Só que não é para OS portuenses. E não me venham com o argumento que essas novas empresas trazem emprego, o que é verdade mas esconde um facto importante: os mesmos trabalhadores que estão empregados nessas casas, cafés, comércio e restaurantes turísticos, estariam a trabalhar em casas, cafés, comércio e restaurantes para pessoas que vivem cá. E isto não é uma questão de nacionalismo ou regionalismo. É a recusa da lógica economicista de selecção de pessoas, camuflada de lógica benfeitora. Os portuenses têm direito a viver na cidade deles, sem serem empurrados para as periferias porque não dão a ganhar tanto dinheiro como os turistas, que ganham mais nas terras deles, vai-se lá saber porquê. Se calhar tem alguma coisa a ver com isto.
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